terça-feira, 8 de setembro de 2015

Analisando a entrevista de Luís Filipe Vieira (e olhando à de Jesus)

Escalpelizar as palavras de Vieira é sempre um exercício interessante. Basta o Presidente aparecer, pontualmente, para as reacções se multiplicarem. Os abutres marcam logo as suas palavras como ocas e comprovativas de incompetência e os vieiristas olham para elas como salmos a seguir, sem mácula. E é perturbante ver algumas análises às palavras do presidente de tão desviadas de conteúdo que são. São vazias de estudo e de conteúdo. Apenas limitam-se a reflectir a posição em relação a Vieira. Só! Eu não gosto do presidente, nunca gostei, mas isso não me tolda a visão. Tento não criticar facilmente, mas não posso também comer gelados pela testa. Acho bom que o presidente fale e se mostre, mas a norma, nas suas entrevistas, é a repetição do ou eu ou o caos, a história do projecto, etc, etc. Mas esta entrevista vem num momento delicado, numa mudança de ciclo e importa ler Vieira e analisá-lo seriamente. Vejamos então!

A formação e a mudança de ciclo: Vieira afirma que esta mudança para um paradigma de formação foi pensada atempadamente, não estando ligada a problemas financeiros. Desculpem, mas não acredito! Antes de mais, convém recordar que o Presidente afirma esta mudança há uns 4 anos, nas entrevistas anuais de Janeiro, desde aquela patética apresentação de Miguel Rosa, Rúben Pinto e Nélson Oliveira. Portanto, a mudança é repentina! Não sei se se deve a imperativos financeiros. Diria que sim, pelo que se investiu (e pelo que Vieira afirmou em Janeiro). Passou-se de um técnico que não apostava em jovens para um que faz disso um ponto de honra quase. Logicamente que me agrada a perspectiva do Benfica necessitar cada vez menos de financiamento, bom como ir cada vez menos ao mercado de transferências. Mas a questão de não se investir num Saviola é ridícula, mais uma vez desculpem! O problema não é investir em Saviolas, é investir em jogadores como Derley ou Felipe Menezes. E o Benfica, mais uma vez, este ano continuou a comprar às pazadas, investindo em jogadores que nunca irão vestir a nossa camisola. O problema não é Aimar, pois estrangeiros de classe, mesmo que caros, são bem vindos. O problema é que se para cada Di María temos de um Schaffer, um Leo Kanú, um Bebé, um Candeias e um Luís Felipe, aí as contas desequilibram-se... Ficámos também a saber que Bernardo Silva, André Gomes, João Cancelo e Ivan Cavaleiro foram "queimados" e ficámos assim, sem mais esclarecimentos... Os negócios continuam nublados. Por fim, sublinhe-se que Vieira admite que não fez o que devia para cumprir o prometido a Vitória. Os indefectíveis apoiantes do presidente diziam que não era bem assim. Mas... Vieira admite-o. Simples! Para concluir, Vieira vai seguir o caminho da sportinguização, como apelidada por muitos quando assunto era formação. Estou por isso curioso se agora estão contra as opções do presidente! Quanto a mim, o caminho sempre foi apostar na formação e ser rigoroso nos estrangeiros. Comprar dois/três de grande qualidade por ano! Mas não é bem isso que Vieira afirma...

Rui Vitória: Fica a sensação de que o técnico tem carta branca para renovar o Benfica, falando o Presidente em "dores de crescimento" (curiosamente usei a mesma expressão num outro texto). Veremos se será mesmo assim. Veremos se Vitória tem tempo para fazer o Benfica crescer. Um Benfica recheado de jogadores made in Seixal, mantendo a matriz competitiva. De qualquer modo, perante estas palavras, Vieira tem de entrelaçar o seu destino ao do treinador. Veremos se tem coragem para o fazer.

BTV: Nada de esclarecedor... Mas ver Vieira a apoiar a centralização é algo confuso, mas ok...  

O plantel: Nada foi adiantado de substancial... Mas não deixa de ser curioso que Vieira confirma o preço de Jiménez em 9 milhões, num negócio que, a ser feito neste molde, é absurdo! O mexicano desvalorizou-se e como perceber um preço de 18M€? Também se falou em Maxi que saiu por causa de Casal, algo que já sabíamos! E como o  uruguaio se portou como um canalha... Neste particular, nada a apontar ao desempenho do presidente. Já em relação a Jesus nota-se que o fim da relação foi ditada por "desencontros ideológicos", em relação ao plantel, e que isso precipitou o fim. Continuo a afirmar, não há inocentes nesse processo...
A Liga de Clubes: Fica a sensação que Vieira foi ultrapassado pelos acontecimentos, foi surpreendido com a retirada do tapete a Luís Duque! E Vieira será o presidente que juntou trapinhos com PdC para este, à primeira oportunidade, o trair. Como todos sabíamos de resto...

Sócios: Faltou mencionar a promessa dos 300 mil e baixa do preço das cotas... Mas Vieira "desenrascou-se" bem ao lembrar a contagem de 2005!

Em suma, foi das mais pobre entrevistas dos últimos anos. E foi um típico frete do jornal ABola. Cerca de 75% da entrevista foi Vieira a justificar-se em relação à formação. E, ao contrário da de Janeiro, esta entrevista foi rica em lugares comuns, em "não respostas" ou com respostas feitas e... "lógicas". Falar na formação é um piscar de olhos às eleições, apesar do discurso oficial ser outro e essa tendência só acontece neste momento com a saída de Jesus. Foi grande parte da entrevista a elogiar o trabalho no Seixal e os miúdos de lá, mas quando o assunto mudou para o pack 15M€ a resposta foi pouqíssimo convincente, falando numa geração de queimados. Ficámos também sem perceber como se pode gastar 9M€ num jogador que até nem era tão necessário, sendo que JM Delgado preferiu não indagar pelas lacunas por suprir, olhando a esse valor.
Foi uma péssima entrevista. Quer pelas respostas, quer pelo frete feito por José Manuel Delgado, com a intenção a ser clara: acalmar as hostes perante o desinvestimento no futebol. Um péssimo serviço!


Entrevista de JJ: Não a li, apenas li as "gordas" no site do Record. Perante isso, pergunto: o que tem Jesus no Sporting que Vieira não lhe daria no Benfica? Além do ordenado? Protagonismo. Só isso. O plantel dos leões emula o actual do SLB, até na aposta na juventude. Ou no Seixal, para Jesus, trabalha-se mal?

2 comentários:

José Rama disse...

Não foi perguntado sobre os noventa e tal jogadores sob contrato. Acho que falhado o objectivo do número de sócios, a grande meta de LFV passou a ser ter o maior número de jogadores contratados do mundo.

joão carlos disse...

e não esquecer que ele confirma a convergencia com os corruptos, e depois os que alertamos sobre o aasunto é que eramos más linguas.
vamos ver é se depois disto tudo ele não continua a fazer negocios com o trafulha do uruguaio.

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