segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O dia em que o Benfica morreu um bocadinho...

... e ainda está a recuperar.

Dizia Billy Crystal, num filme de humor, que o luto é um processo. E é verdade. Sendo certo e sabido que todos nós já perdemos gente querida e próxima, sendo que essa dor terá sido ainda maior, a perda de Eusébio da Silva Ferreira é diferente. Não tanto pela ausência física do homem, mas pelo significado dessa ausência. O que isso encerra sobre o mundo Benfica. Óbvio: amigos e familiares olham para a saída do King do palco da vida de um modo diferente. Mas nós, os benfiquistas anónimos, que vimos a "coisa" ou pela TV ou in loco, mas à distância das emoções, percebemos que a morte de um homem como Eusébio abre uma brecha só reservada aos maiores. Que nada tem a ver com a "falta" que a pessoa em si faz. 

Eusébio não fazia muito nos seus últimos anos de vida. Mas tinha o lugar reservado aos senadores, aos decanos. Bastava a sua presença. O serenar das suas palavras a cada vez que nos recordava o que era o benfiquismo puro, aquele que era o seu, apreendido noutra era. O desfiar de cada memória que nos confortava o pensar "ainda bem que sou do Benfica". Também! Era o olharmos para aquela figura e sabíamos: as nossas alegrias e angústias são as mesmas. Bastava a presença do Rei e tudo era Benfica. Enchia a sala. Nem precisavamos de o ver, basta olhar aos estandartes reais do Estádio da Luz ou o rever de números de décadas passadas que sentíamos o bafo da sua régia presença. O Rei é assim: é amado sem precisar de estar presente, pois já fez o suficiente para estar cá dentro. O resto é existir. Só isso... Bastava para nos alimentar!

Há um ano, o Benfica morreu um bocadinho. Esse bocadinho irá renascer, pois o tempo tudo cura e faz passar. Um dia, Eusébio já será uma recordação de muito poucos e o Benfica ainda maior. Um dia, Eusébio será "apenas" um capítulo glorioso desporto pintado de Benfica. E o clube maior. 

O Benfica morreu um bocadinho. Pois Eusébio não foi só golo e títulos. Foi a atitude. Que nos dava orgulho e que nos definia. Ou deveria definir...

O Benfica morreu um bocadinho. Pois é incontável o número de gente que o King "converteu" à nossa causa. É inquantificável as vezes que o nosso nome foi evocado por causa de Eusébio por esse planeta fora.

O Benfica morreu um bocadinho. Mas irá renascer, pois o mito de Eusébio irá perdurar e mesmo no lado de lá enche-nos a alma. É o dom dos grandes reis... 

1 comentários:

Anónimo disse...

Há um ano exactamente a esta hora o impensável aconteceu. O coração de um imortal parou. Eusébio já vivia na memória de todos os portugueses quando ainda vivo. Muito poucos o conseguem. Marcou, indelevelmente, uma era do Futebol e de Portugal. Deliciou quem teve o prazer de o ver jogar, delirou adeptos encarnados e portugueses. Para nós, mais jovens, sempre foi a figura do Futebol. Sim, apareceu Figo e agora há Cristiano, enormes realmente. Mas o lugar de Rei será sempre dele. Porque o tempo não volta atrás. Um Homem do Futebol que fica na história pelo que representou para um país pobre, isolado e deprimido.

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