quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Jonas ou o desconforto táctico.

De certa forma respondendo ao blogue NGB, mas também porque é um assunto que tenho pensado muito vez quando o assunto é "será que Vitória já encontrou uma equipa?",qual o encaixe de Jonas no Benfica? 

Um dos principais problemas que Rui Vitória se tem deparado no seu reinado, para além de uma pré-temporada muito mal gizada, é defrontar-se com um plantel que não é seu. O desenho dele não é o seu. Para somar à festa, as limitações que o plantel apresentava no ano passado continuam lá, num grupo de trabalho que está delimitado para jogar num sistema táctico que não é o de Vitória. Ou seja, continuamos sem um meio campo consistente, pois Pizzi não é o jogador que muitos queriam que ele fosse e depois há... Jonas, só o melhor jogador do Benfica a par de "Nico" Gaitán, que acaso se chamasse João ou se não tivesse apresentado metade do rendimento que apresentou estava já encostado. Some-se a isto duas contratações com rendimento 0, Taraabt e Carcela, que são jogadores de faixa, embora o ex-QPR possa andar por terrenos interiores com facilidade. Mas o facto é que ambos não acrescentaram nada. E os adeptos de um clube como o Benfica não podem ser perdulários e dizer "ah e tal que estes nos vão dar muitas alegrias". Já deviam estar a dar. Se não estão lesionados...

Neste momento, para mim, no Benfica intocáveis são: Júlio César, Nélson Semedo (pela personalidade que mostra jogo a jogo), Luisão (uns furos abaixo do habitual, mas não há quem lhe faça o lugar), Samaris (mesmo fora de posição tem pinta de comandante), Gaitán (o melhor da Liga), Mitroglou (é goleador, goste-se dele ou não) e Jonas (o 2º melhor). A estes junto Salvio, quando regressar. Na cabeça de Vitória a verdade não deve andar muito longe disto. Agora o dilema do treinador e é por isso que ainda estamos longe do nosso melhor é porque ainda não foi encontrada a fórmula de colocar esta gente a render o máximo a jogar em conjunto. E depois há o problema fulcral: o 4-4-2 tradicional é uma táctica morta. O do Benfica é o tradicional modelo desenhado por Jesus que acreditava piamente nele e trabalhou-o até à exaustão e por isso teve resultados. Rui Vitória sempre alinhou e conhece bem melhor outros esquemas. E nesses esquemas todos cabem bem, menos o imprescindível Jonas! E agora, Rui? Pelo meio, nos jornais, anuncia-se novamente o disparate que é ter Talisca a 8...

Os adeptos estão a começar a ficar ansiosos. A cada vislumbre do Benfica jogar um bocadinho melhor saltamos logo a dizer "encontrámos uma equipa"! Foi assim com o Belenenses e depois fizemos um jogo pavoroso com o Astana. No Dragão fizemos uns bons 45 minutos, mas a partir da hora de jogo entrámos em perda e perdemos. E o facto é que estamos à 5ª jornada já a 4 pontos do 1º lugar. E perdemos os jogos todos fora da Luz. E em 270 minutos não marcámos um único golo e só jogámos decentemente no Dragão. Mesmo no Luz, a equipa brindou os adeptos com péssimo futebol na 1ª parte com o Estoril e o Moreirense. Factos são factos! Ou seja, não encontrámos equipa nenhuma porque Vitória, cujo crédito ainda se está longe de se esgotar para mim, ainda não se encontrou e não tem a coragem de resolver o dilema Jonas, que é o pomo de problema táctico. 

A grande diferença entre nós, deste lado do futebol e os treinadores, nomeadamente os bons, é a solução que estes apresentam para um problema complicado, enquanto nós temos de, inevitavelmente, ficar pela especulação do que não se sabe e analisar o que se vê... E o que se vê é um Benfica fraquinho. E temos de o admitir. E a resposta ao problema táctico do Benfica, personificado em Jonas, será sempre difícil de resolver. Mas aprendi algo após tanto tempo de futebol: os bons jogadores encontram sempre espaço no 11. Tudo depende da sua vontade e do modo como o treinador molda a equipa e o jogador individualmente. Veja-se Bernardo Silva no Mónaco. O problema por isso não está tanto em Jonas, mas sim em Vitória não ter encontrado um equilíbrio entre as suas ideias e os jogadores ao seu dispor.  

Off topic: para quem ficou incomodado com o tópico anterior, não vi ninguém a discutir o cerne do post, ou seja, vermos Proença na Liga, esse indivíduo que tanto nos prejudicou. E também não vi ninguém a por em causa o Record a dizer que ambos falaram. Ou o jornal só fala verdade quando interessa? E eu escrevi "a ser verdade", ou seja, isto ressalva a situação mas não muda o cerne do post. Mas lá está se não se incomodam em ver Vieira a rir-se após uma derrota no Dragão quem sou eu...

8 comentários:

Isaías disse...

Caro Red Army Officer,

Para mim, honestamente, Jonas pode fazer perfeitamente o lugar do Gonçalo Guedes (Salvio), desde que tenha um pivot do lado dele capaz de cobrir as combinações com Nélson Semedo. Note que não estou a falar num extremo convencional, mas sim num avançado recuado, descaído para a direita. O seu toque de bola é suficiente para as tabelas e os um-para-um, bem como a sua técnica de cruzamento criaria muitas ocasiões e claro, a sua finalização para os movimentos em que surge ao segundo poste (em lances da esquerda) ou à entrada da área nas combinações pela direita. Tem menos pulmão para defender, é certo, mas contaria com o pivot do seu lado, para tapar o flanco junto com Semedo. O que beneficiamos no ataque com um jogador destes, compensa.

Continuaria a ser um segundo avançado, mas com funções alargadas.

Isto iria pressupor, claro, uma mudança para 4-3-3, com dois pivots defensivos (Samaris + 1) e um médio de transporte à frente destes que, na minha opinião, deveria ser Gaitán. Há outras opções para a esquerda (Guedes, Victor Andrade, Carcela, Bilal), pelo que seria uma perda menor em relação ao benefício da mudança táctica, a meu ver.

Cumprimentos,
Isaías

Red Army Officer disse...

Também me passou pela cabeça essa "adaptação" do Jonas, não um extremo mas apenas descaído para a direita, abrindo espaço ao Semedo, tendo um meio campo forte que cobrisse as costas do lateral.

Anónimo disse...

Bem sei que a táctica que irei indicar exige bastante dos laterais, mas julgo que neste momento o melhor esquema para o Benfica seria o 4-4-2 losango. Com André Almeida/Fejsa a 6, Samaris num dos vértices, Gonçalo Guedes/Pizzi no outro vértice e Gaitan no topo, a 10 - com liberdade para ser o vagabundo naquele meio campo - Jonas como segundo avançado, com liberdade a descer ao meio campo e jogar entre linhas, ou descair para qualquer um dos flancos, acredito que o Benfica conseguiria - desde que os laterais sejam óptimos a nível ofensivo - criar mais jogadas de envolvimento e de perigo! Mas falta coragem para assumir esta táctica!

Em última instância, até para beneficiar Jonas, mudem o esquema para um 4-2-3-1, com Fejsa/André Almeida e Samaris e à frente deles Gonçalo Guedes, Jonas e Gaitán e Mitroglou como homem de área! Penso que esse sistema seria o mais adequado para resolver o problema Jonas e Vitória sentir-se mais seguro num esquema que dizem que melhor e mais domina!

Red Army Officer disse...

Percebo a ideia, e o losango só resulta, a meu ver, se os médios interiores forem fortíssimos, algo que o Guedes e o Pizzi não são. E depois surge outro problema: quando Salvio regressar? Os interiores terão de ser competentes a nível defensivo, mas serem desenvoltos no ataque. Continuo a preferir descair um pouco o Jonas para a direita. Embora comece a verificar que o 4-3-3 terá de ser opção, com Jonas a jogar um pouco mais recuado ou mais para a direita.

Ben Fiquista disse...

Officer, o jogo com o Astana e o Belém foram o mesmo jogo com adversários diferentes.

Anónimo das 11:57, esse foi o alinhamento do Benfica no Dragão. E esse modelo de jogo foi o mesmo da supertaça e que o RV usa quando está a ganhar (final do jogo com o Belém e Astana) jogos controlados.

Como disse no NGB, isto de chamar ao Jonas um problema era como os do Barça começarem a falar do problema Messi...

José Rama disse...

Tantas soluções possíveis, será que o RV é assim tão burro que só vê o 4-4-2, indo ao dragão jogar com dois avançados, coisa que nem o Chelsea fará na próxima deslocação ao Porto.

joão carlos disse...

em 80 por centos dos jogos que fazemos jogar com dois avançados e ter um avançado como jonas é o ideal e provavelmente até é a melhor tactica.
o grande problema esta nos outros 20 por cento dos jogos em que ela comprovadamente não resulta e tambem não resulta o 4231 se em vez de um centro campista ou de um dez jogares comn um avançado como foi o caso.
aqui acho que é mais a falta de coragem, ou força como quiserem, do treinador em deixar jonas no banco e meter um medio que seria a melhor solução e a que obrigaria a menos mudanças diga-se que a falta de rendimento de pizzi, talisca e o não aparecimento do taarabat em nada tem ajudado o treinador a ter essa coragem.

Anónimo disse...

O Jonas é um grande jogador e como tal deve jogar sempre ou quase sempre, pois é um dos melhores jogadores e a equipa deve ser montada em função de obter e tirar rendimento desses mesmos jogadores com mais talento.
O grande problema reside no meio-campo e a falta de soluções para o meio-campo, imaginem termos de novo um jogador como o Witsel ou o Enzo naquele meio-campo e o que jogaria a equipa e o próprio Jonas, mas infelizmente continuam a ser utilizados sistematicamente jogadores que por muito bons profissionais que possam ser, não têm categoria para jogar no Glorioso, tal como o Talisca e o Pizzi, e este sim parece-me de facto o verdadeiro problema na equipa.

Tony Montana

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