domingo, 4 de janeiro de 2015

Política de cedência/promoção de jovens atletas: existe ou não?

Hoje é notícia que Hélder Costa e Victor Lindelof vão rumar ao Gil Vicente FC. Perante este cenário, juntando Bernardo Silva, João Cancelo, Nélson Oliveira ou Ivan Cavaleiro, a pergunta que se impõe é: a equipa B ainda tem alguma importância? Alguma vez a teve? Em três épocas, qual o fruto da mesma? Pode-se discutir isto a vários níveis. Em primeira instância, digo que a B tem representado 0 no universo do futebol sénior. É cedo, claro, para resultados definitivos, mas o preocupante nem é a transição de atletas para a equipa A, é o facto de não observarmos, com propriedade, uma ligação vibrante entre os dois escalões. Entre Jorge Jesus e Hélder Cristóvão. É o facto de, por exemplo, ante o Nacional, para a Taça da Liga, terem aparecido na convocatória Lindelof e Varela porque... sim! Por obrigação. Só isso.

Os 6 nomes falados no início do texto são dos mais ricos produtos criados pela formação do Benfica. A estes, junto Bruno Gaspar (desempenho interessante em Guimarães), Rui Fonte e Gonçalo Guedes. Mas o que pretende o Benfica com estes jogadores? Aliviar a folha salarial do clube (podendo nós a isto somar jogadores como Fariña ou Luís Felipe) ou existe interesse em promover o jogador para que este regresse mais forte ao Benfica. A resposta a esta pergunta é fulcral para sabermos se Vieira fala seriamente num Benfica voltado para dentro ou se tudo é apenas treta. 

Com os empréstimos noticiados hoje assistimos ao progressivo esvaziar de talentos na equipa B. Nada disso é relevante se Costa e Lindelof fizerem parte de uma avaliação interna no clube, que os afirma como valores seguros, onde o passo intermédio entre a B e A é um "estágio profissional" numa equipa da Liga. O mesmo se aplica aos demais emprestados. Trata-se de verificar se o Gil Vicente é uma equipa que "precisa" efectivamente destes dois atletas, garantindo que ambos são parte do futuro imediato da equipa. Se sim, óptimo. O mesmo se aplica aos demais. Por fim, trata-se de saber se estes atletas são adequados ao estilo de jogo do Gil Vicente ou se são apenas jogadores interessantes por virem do Benfica. O mesmo se aplica aos demais. Exemplo: será que Oliveira "serve" ao Swansea? Será que o Benfica aceitou o pedido dos galeses, mas verificando antes que tipo de jogador é o ponta de lança, ao mesmo tempo que verificou junto do clube que este é o acertado para a evolução do atleta? E Fariña? O que foi fazer para o Banyas? Além de pagarem o ordenado do argentino, que mais valia desportiva trouxe-nos isso? Permitam-me dizer que 0!

A equipa B serve para alimentar a A. Mesmo que este escalão sofra com a saída de jogadores para empréstimos enriquecedores, voltando depois ao Benfica pela porta grande. E o cerne é esse! Se não estamos a prejudicar os atletas que saem, inutilmente, do conforto do nosso clube e se não estamos a prejudicar a competitividade da B numa Liga difícil.  

É claro que na minha ideia de uma formação forte no Benfica não pretendo um plantel com 25 canteranos. E um onze 100% oriundo da formação. Mas defendo que o rácio deve ser de um 1/3 pelo menos. Lógico que não pretendo que um puto da B transite directamente para o onze titular. Precisa de experiência, de calo! E por isso defendo que a B é o espaço certo para isso. É uma Liga 2 competitiva, equilibrada. Mais do que a principal! Este deve ser o espaço de excelência da evolução dos atletas, para a pouco e pouco entrarem no plantel A. No entanto, empréstimos ocasionais não são de desprezar! Mas a prioridade? Liga portuguesa! Onde os jogadores se "façam" aos adversários tipo. Aos relvados tipo e às arbitragens. Mesmo em relação a jogadores estrangeiros que não se conseguem impor no Benfica, como Jara, Luís Felipe ou Fariña. Ninguém lhes paga o ordenado? Pois, se calhar devíamos ter pensado melhor antes de os adquirir... Na formação há melhores. Ou pelo menos, gente que justifica a não contratação destes jogadores. Se é para ir para o estrangeiro, para Ligas mais competitivas e em equipas que sejam bem estudadas pelo Benfica, garantindo que estas são o espaço ideal de evolução dos atletas e não que sejam os primeiros a mostrar interesse.

Olhando a um caso concreto do que defendo: Ivan Cavaleiro. Tem feito uma época interessante em Espanha e ao que parece, o Corunha tem sido um clube bom para ele evoluir. Não justifica o regresso no lugar de Bebé? Ou será que não teria sido mais benéfico, a todos os níveis, não termos delapidado 4M€ no ex-Manchester United e termos apostado no crescimento indoors de Ivan? Sobretudo com Sulejmani lesionado? Outro caso: Gonçalo Guedes. O extremo está convocado. Uma aposta séria no miúdo é colocá-lo em campo durante uns 10/15 minutos, com o resultado já fechado. Não com tudo por decidir, onde é preciso cabeça fria. Um miúdo lança-se em ambiente favorável, para que ele não se sinta pressionado, sem livre de arriscar e errar sem consequência.

(Adenda: Bernardo Silva marcou para a Taça de França)

Por fim e voltando ao início, Hélder Costa e Victor Lindelof são dois jovens com enorme potencial. Espero que José Mota os trabalhe bem e que tenha sido ele a pedir os jogadores. Se a resposta for sim, ganha o Benfica!

Off topic: Mais logo, ante o Penafiel, o "meio a zero" não chega! Depois de um 3-0 e um 1-5 dos rivais, cabe ao campeão responder de acordo com o estatuto. O calibre das exibições do Benfica nos últimos tempos (exceptuando o Dragão e o Leverkusen) tem sido sofrível. Negá-lo é enfiar a cabeça na areia. Não é ser bom benfiquista. Devemos querer mais! Exibições mais sólidas. Pois se a Liga é uma maratona, mais tarde ou mais cedo, se continuarmos assim, tropeçamos. 

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