sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Renato Sanches: um meio, não um fim!

Quando JJ fez a sua travessia no deserto dos títulos durante 3 anos no Benfica, em que foi apelidado como "Jorge Jejum", os seus ávidos seguidores no Benfica (hoje os que mais o odeiam e criticam. Engraçado...) defendiam-no. E muito! Como? Não ganhávamos nada mas valorizamos activos e isso era importante. Mais importante que os títulos, segundo a arreigo de muitos. Pois o Museu está cheio de cheques... Hoje, perante a ameaça real de termos uma temporada baixo do expectável e das nossas obrigações, muitos já se levantam a dizer convictamente: queriam formação aí está! Que lançámos Gonçalo Guedes, Nélson Semedo (que nem é da nossa formação) e agora Sanches... Ou seja, depois da conversa dos activos com JJ, agora a moda é a formação. Tudo para tapar uma coisa: a ausência de títulos!

No Sport Lisboa e Benfica na matriz vieirista há coisa que me desagrada profundamente: baixou a fasquia de exigência. Tudo com o fantasma de Vale e Azevedo, em que estávamos tão mal que agora agora qualquer coisa melhor serve... Há sempre uma desculpa. Uma fuga. Um escape quando não vencemos. Nunca há culpados e há sempre vitória moral a registar. Só quando ganhámos é que ninguém se lembrou dos activos. Curioso... Ontem eram os activos os títulos do JJ e Vieira, hoje RV já venceu o troféu Guedes, por exemplo. E pelo meio, títulos perdidos e mau futebol. E o Benfica nunca foi isso, acho. Foi sempre coragem. Foi sempre dignidade na derrota. E grandeza na vitória. O que temos hoje é fuga. Neste momento, até os muitos que eram alérgicos à formação dão loas à coragem de RV em lançar Semedo, Sanches ou Guedes. E esquecem o big picture: o que adianta ter miúdos sem títulos? O que nos adiantou ter valorização sem títulos? O que festejamos nós? Títulos? O que é preciso para que a valorização e a formação façam sentido? Títulos! O que no Benfica faz sentido? Títulos. Ponto!

Ninguém deseja mais que eu ter um Benfica mais português com carimbo da formação. Uma espécie de Generation of 92 à portuguesa. Mas só uma espécie, pois no Benfica a responsabilidade é hoje! Um plantel com forte presença da cantera. Um 11 fortíssimo em que se registe a presença constante de, pelo menos, dois/três jovens canteranos. Hoje não temos isso. Temos jovens, mas não temos um plantel forte e um 11 com lacunas onde os jovens só cabem por necessidade absoluta. E esta é a pedra de toque deste texto: adorei ver a passada larga de Renato Sanches a reger o meio campo. Mas Sanches é um meio. Apenas... Não pode ser o fim desta temporada, lançar miudagem com sucesso. O fim tem de ser conciliar isso com títulos. E com miúdos de qualidade como os nossos é bem possível. Mas isso exige um plantel com soluções competitivas. Não que a miudagem apareça porque não se acautelaram questões do apetrecho do dito grupo de trabalho. E muito menos podemos colocar tanta pressão em gente como Sanches ou Guedes, que são miúdos, tem carta devem ter ainda. Terão antes de ter algum tempo para crescer. Com calma. Senão irão perder-se. Como outros. E os adeptos não podem exigir nada a estes miúdos. Terão de ter paciência para os seus erros e falhas!

Off topic: O Benfica de Astana foi o habitual: sofrível, em que o resultado foi melhor que a exibição. Péssimo é chegar ao fim de Novembro e apresentar... aquilo! RV não passa do mesmo, incrível. E a bem da honestidade intelectual, uma palavra para Raul Jiménez. Dois golos, com o 1º a ser à ponta de lança de nível. Que seja o princípio de uma época de acordo com o preço e que eu, no final da época, mude de opinião. É que isto não chega a nada...
Off topic 2: Sílvio. Se o Benfica não sabia, tinha obrigação de saber. O lateral português, infelizmente, não tem as condições físicas adequadas ao ritmo do Benfica, estando sempre lesionado. É uma pena, pois Sílvio tem valor e parece ser um tipo às direitas, mas o Benfica deve cumprir com todas as obrigações contratuais (e mais qualquer coisa até), mas não pode andar sempre neste "rengue-rengue"... Confunde-me a renovação do empréstimo. Aliás os negócios mais esquisitos são sempre com o Atlético de Madrid. Porquê?!
Adenda: "Se houve uma aposta do clube e essa aposta já está ganha, não faria sentido algum mandar embora o treinador. Porque o que conta é a competência."- António Simões. Honestamente, não entendo estas declarações de Simões, um dos maiores símbolos vivos do Benfica e um vencedor. E os títulos? Não é essa a aposta do Benfica? Ou Vieira afirmou que a aposta era só lançar miúdos e não ouvi?! Oh Simões... 

1 comentários:

joão carlos disse...

o problema é que passamos do oito para o oitenta.
se o oito era muito mau o oitenta tambem não é bom nem para a equipa nem para os jogadores que se arriscam a serem queimados.
e a questão maior é da verdadeira razão para passarmos para o oitenta é que para uma posição intermedia podia ser opção agora para uma posição tão drastica fica a duvida.

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