Mais uma jornada e a equipa B continua a sua espiral descendente. Confesso que, à luz da política do Benfica, preconizada pela dupla Vieira/Jesus, nunca percebi muito bem a utilidade da formação secundária. Era só onde os jovens iam estagiar antes de serem dispensados ou vendidos... Nunca Jesus foi um técnico verdadeiramente atento ao que ali se passava, nunca houve um real intercâmbio entre A e B onde os jogadores da formação principal pudessem ganhar algum embalo (salvo raríssimas excepções) e Vieira foi sempre algo populista, na sua entrevista de ano novo, ao referir-se à juventude, sem nunca apostar realmente nela. Jesus mandava sempre mais. É um facto... Daí não me ter surpreendido a chegada de Norton de Matos, técnico com "pouco Benfica" nele e logo num ano onde também chegaram à Luz vários guineenses, federação de onde provinha o técnico. Tudo muito estranho... E depois, um conceituado ex-jogador do Benfica, Hélder Cristóvão, um técnico com pouquíssima e irrelevante experiência que lhe desse direito a treinar a B. Ou seja, perante o paradigma Jesus, qualquer um servia que a utilidade da B é a mesma: 0.
Chegados a 2015/16, sai Jorge Jesus e entra Rui Vitória. Será um dado adquirido que a juventude ganhará outra importância e por arrasto a formação secundária. será mais central. E é aqui que começa o falhanço do planeamento do futebol do Benfica. A pré-época, goste-se ou não de admitir, foi um fracasso! De planeamento, de ataque ao mercado, dos jogos, até mesmo ao nível financeiro (onde pusemos em causa uma temporada por.. 3M€!). A tour da Américas é dos erros mais amadores de que há memória, colocando em risco um ano inteiro. E o ataque ao mercado, uma barbárie. E num ano onde já se adivinhava uma sangria na formação secundária, ninguém pensou em acertar o plantel de Hélder Cristóvão? Como já o disse por aqui, acho-o pouco capaz, mas não pode ser inteiramente responsabilizado. Ele perdeu muitos e influentes jogadores e não os viu substituídos. Óbvio que a B não serve para ganhar só, nem se pode exigir que ande sempre pelos 1ºs primeiros lugares. Mas A ou B, trata-se do Sport Lisboa e Benfica. Não se exigem títulos ou algo parecido aos miúdos. Mas o que se exige é seriedade de planeamento em relação a algo que deveria ser tão central num clube que mudou o paradigma para a formação. E isso não aconteceu... E o resultado está à vista: estamos em risco de descer de divisão, algo que não pode acontecer, sob pena do estímulo competitivo ser menor, com graves consequências no rendimento dos jogadores. Houve aqui um clamoroso falhanço e tem que ser corrigido e já!
O Benfica B está no 19º lugar (em 24 equipas, o Porto B em 1º e o Sporting B em 8º) com 27 pontos. Ou seja, nem tudo está perdido. Mas fica uma dúvida: quem é o responsável máximo da B? Nuno Gomes, como líder da formação? Ou Vieira, como responsável pelo futebol? Seja como for, alguém tem de agarrar e já o dossier e resolver o assunto antes que seja tarde. Por mim, mudança de treinador exigia-se, pois apesar de Hélder não ser o maior responsável, não tem as competências necessárias, creio. Solução: Vítor Paneira, Carlos Mozer ou... Pablo Aimar, numa perspectiva eventual de futuro. Em segundo lugar, creio que se pede a aquisição de 2/3 jogadores, mais experientes, já na casa dos 22/23 anos, que tragam algo mais à equipa, e que se afirmem como titulares indiscutíveis, mesmo que não tenham perspectiva de subir à equipa principal. Em terceiro lugar, urge estabelecer uma estrutura mais fluída entre ambos escalões, onde exista mais preocupação numa formação mais integrada e conjuntural dos planteis, que preconize uma estrutura táctica o mais aproximada possível e que os jogadores se sintam parte de todo o processo. Onde exista um responsável que ligue os pontinhos todos entre os AA e a B, onde as equipas técnicas tenham um contacto constante, existindo um treinador-adjunto a fazer ponte e que o ambas equipas técnicas sejam quase como um só, tendo um contacto bem próximo ao nível puramente táctico.