terça-feira, 24 de março de 2015

Um reality check nos Arcos

Aos poucos, vou ficando refeito de mais uma traumatizante experiência proporcionada por um Benfica que, mais uma vez, se mostrou sem chama e sem garra. Tal como em Paços de Ferreira, e em muitas outras ocasiões, tivemos uma equipa apática, desconexa. No limite, diria vulgar! Sem o génio de Gaitán, ficamos reduzidos aos fogachos de Jonas, que mesmo sem bola tenta mais qualquer coisa, e a um Salvio que esta temporada ainda não se encontrou. 

Mas Vila do Conde para mim representou sobretudo um reality check para muitos benfiquistas. Já aqui falei que no Benfica não há espaço para crítica interna, para expor a realidade, para apontar falhas. Só há espaço para "apoiar ou calar". E isso impede-nos de ver as coisas como são. E o facto é que a paupérrima campanha europeia e o futebol desbragado que apresentamos em muitos jogos provam muita coisa. Sublinho: independentemente de sermos campeões, este é um Benfica limitado. Muitos dizem que para consumo interno chega. Eu digo: vai chegando. Reparem: perdemos duas vezes com o Braga e não ganhámos ao Sporting, contamos com 3 derrotas na Liga a 8 jornadas do fim. Se somarmos a isto o péssimo futebol que por vezes apresentamos, a realidade força-nos a admitir que o Benfica está fraco. Talvez o mais fraco dos últimos anos. Vamos ainda em 1º, é certo. E mérito a Jesus que lá vai conseguindo unir os pontinhos, mas isso não desculpa muita coisa, como duas derrotas sem explicação! 

Vamos ao reality check propriamente dito.

Jardel. Gosto do central brasileiro. É competente, lutador e não vira a cara à luta. Em suma, um jogador à Benfica. No entanto, suceder a Garay ou a David Luiz não é para todos e Jardel, infelizmente, confirma isso. É um excelente jogador de plantel, mas não é um central para a titularidade indiscutível. Agora Eliseu. O "lateral", entre fortes comas, pode marcar uns golões de vez em quando, mas temo o pior quando apanhar Tello pela frente. Na longa linha de fracassos nas laterias, Eliseu é mais um. Não tem velocidade, não tem técnica. Não é muito competente a defender, é mais ou menos a atacar. E se é verdade que boa parte dos adversários em Portugal pede um lateral atacante, não é menos verdade que se pede que ele também seja competente. Melgarejo havia provado isso. Longe, muito mesmo, de Siqueira. E a prova de que o barato sai caro! 

Outra realidade que muitos escamoteiam e o cerne do nosso pobre futebol: o miolo. Não tenho dúvidas em afirmar que os trios de meio campo do Porto e Sporting têm mais qualidade! Oliver, Herrera, Casimiro ou João Mário tinham lugar de cara no Benfica. Em Vila do Conde, o meio campo cedeu km's de espaço. Noutros jogos, idem. E a construção de jogo é fraca. Muito fraca. O Benfica só muda um jogo com dinâmica pelas laterais e a qualidade de Jonas no ataque. Samaris é um belíssimo jogador, não duvido. Mas não é um 6. É um projecto de 6, apenas isso. Que tanto pode fazer um bom jogo, como um mau. E nos Arcos foi péssimo. Pizzi tem bons pés, percebe o que tem de fazer, mas também é um jogador em construção e não se pode exigir a ele o que se exigia a Enzo. Ou seja, o nosso meio campo não dá as garantias de outrora. É o que dá adaptar ao mesmo tempo dois jogadores. Um deles durante a Liga.

A realidade é uma coisa que parece afligir os benfiquistas. Enfrentar os nossos defeitos e problemas é uma incapacidade que temos. E não conseguimos perceber isso. Pasme-se: vi gente muito revoltada por não se convocar Pizzi! Outros buscam respostas em, pasme-se novamente, fotografias no Metro do Porto... Mas apontar falhas ao treinador, como a insistência em Talisca, que serve em qualquer posição, ou dizer que o nosso jogo foi, à imagem de muitos jogos fora, amorfo e sem qualidade é que não. A culpa das 3 derrotas para Liga foi nossa e exclusivamente nossa. Não é de certeza nossa, que apontamos essas falhas. 

Nada disto tira a ilusão de sermos campeões. O calendário é favorável e pouco sairemos de Lisboa até! Mas perante a realidade de termos uma equipa mais limitada, temos de ter a consciência que os jogadores terão de estar nos limites e disfarçar essas mesmas limitações com inteligência (a mesma que tem permitido estarmos ainda na frente). A Jesus pede-se mais ponderação e empenho. Em Vila do Conde a sua atitude foi vergonhosa. À imagem da equipa, também ele pareceu fazer frete.

Por fim, uma reflexão: é impressionante a nossa incapacidade de aplicar bem cedo um golpe de mesiricórdia na discussão pelo título. Podíamos tê-lo feito em Paços de Ferreira (hoje teríamos ainda 6 pontos de avanço e a Liga praticamente arrumada). Perante a complicada ida à Madeira, deveríamos ter ido aos limites para vencer, não fomos. Temos uma terceira chance (se guardarmos estes 3 pontinhos), na Luz, ante o FCP. Mas o que é facto é que o historial do Benfica de Jesus não nos é favorável... Até lá há tempo para recuperar a cabeça e se calhar de aumentar a vantagem. E o calendário, sublinho, está a nosso favor!

1 comentários:

joão carlos disse...

eliseu é mais uma teimosia do treinador igual a emerson, peixoto, etc e não venha o fantoche habitual dizer que este treinador que não é teimoso mas sim que tem muita confiança em si e que é assertivo, não não é isto é pura teimosia.

a pizzi falta ainda, não sei se algum dia terá, agressividade defensiva e era isso que enzo tinha e que lhe valeu quando ainda não conhecia a posição e que pizzi não tem em casa porque as equipas se fecham mais é útil e funciona, fora com equipas de nível médio que atacam mais e causam mais dificuldades não chega tem de lançar amorim tem de arriscar senão nunca mais vamos ter amorim em condições.
sobre o talisca utiliza-lo agora que até o próprio acha que não esta bem fisicamente é um erro já o tinha sido com o paços e deu no que deu não só ele não aprendeu com o erro como voltou a comete-lo.

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