terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Vieira tem razão ao "forçar" a formação: um estudo de caso.

Chelsea- 1/2 Real Madrid- 2/4 Juventus- 0/5
Manchester City- 0/3 Barcelona- 6/7 Roma-1/4
Manchester United- 4/5 Atletico Madrid- 2/6 Sampdoria- 1/7



Marselha- 1/9 PSV- 5/12 Club Brugge-1/5
Paris SG- 0/2 Ajax- 9/9 Anderlecht- 5/6
Lyon- 10/10 Zwolle- 3/11 Genk- 4/6

O "quadro" acima, recheado de alguns dos maiores clubes europeus, os três primeiros classificados nas respectivas Ligas, demonstra uma tendência que Portugal, em particular o Benfica, teima em contrariar. Explicando: pegando logo no primeiro clube, o Chelsea. O clube de Mourinho teve no fim de semana passado, nos jogadores utilizados na dita jornada, o seguinte rácio- 1 jogador da cantera em 2 ingleses. O PSV usou 5 jogadores oriundos da formação em 12 holandeses. E assim sucessivamente. 

Num universo de 18 clubes, grandes clubes alguns deles, não existe nem um que entre sem jogadores nacionais. Outro dado curioso prende-se com os novos ricos, Paris SG, Man City e Chelsea. Têm os rácios mais baixos. Ligação directa ao dinheiro disponível. Mesmo clubes com historial, mas também com dinheiro disponível, apostam na formação ou no mercado interno. Casos: Manchester United ou Real Madrid. 

Claro que a Liga inglesa ou espanhola não se comparam à nossa. Em dinheiro e demografia. Vamos às Ligas belga e holandesa. O PSV lançou 12 (!) holandeses, com 5 da formação. O já clássico Ajax, tetracampeão holandês e gigante europeu, tem um rácio de 9/9. Um sucesso na formação portanto! Na Bélgica, o Anderlecht, outro histórico europeu lançou 5 jogadores da formação, em 6 belgas, numa tendência seguida pelos demais clubes!

Mais uns casos interessantes: o Lyon, em franca ascenção, lançou um 11 repleto do jogadores da formação. Não existem equipas sem jogadores nacionais. A Bélgica, que tem uma das mais excitantes selecções da actualidade, tem as equipas recheadas de belgas. As mais fortes selecções europeias são as que apostam com mais clareza na formação: Alemanha (o caso do Bayern é paradigmático), a Holanda e a Espanha. A França, que tem melhorado substancialmente, tem um caminho claro neste assunto. A Inglaterra, pelos números vistos, tem uma trajectória contrária.

Perante estes dados, e os números que temos no Benfica por exemplo, é Portugal que está bem? Não creio. E creio que Vieira, ao querer (supostamente) mais da formação, está em linha com o resto da Europa. Obviamente que o triste estado das contas do clube, bem como o fim dos fundos, dita muita coisa. E como em Portugal as reformas são feitas à força, mais vale que o Benfica comece a perceber que ter um departamento de formação capaz é a chave do futuro! Mais vale que o Sport Lisboa e Benfica aposte em ter um Departamento de futebol jovem que responda às exigências do futuro. Pois contratar jogadores como Samaris, Cristante e Bebé, gastando cerca de 18M€ sem ver retorno desportivo imediato NÃO é sustentável. E se podemos elogiar a capacidade vendedora de Jesus, temos de reparar que as contas não são positivas e temos de fazer algo em relação a isso. Resta saber se o discurso presidencial é alinhado com o técnico ou se é apenas populismo. No próximo defese veremos... De qualquer forma os dados apresentados acima são alvo de reflexão!

1 comentários:

Nau disse...

Bom trabalho! Elucidativo sobre a estratégia que mais convém ao Glorioso.
Parabéns e um abraço benfiquista.

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